sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Elegância - Martha Medeiros



Existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por isso, esteja cada vez mais rara:
a elegância do comportamento.
É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres e que
abrange bem mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza.
É a elegância que nos acompanha da primeira
hora da manhã até a hora de dormir
e que se manifesta nas situações mais prosaicas,
quando não há festa alguma nem fotógrafos por perto.
É uma elegância desobrigada.
É possível detectá-la nas pessoas
que elogiam mais do que criticam.
Nas pessoas que escutam mais do que falam.
E quando falam, passam longe da fofoca,
das pequenas maldades ampliadas no boca a boca.
É possível detectá-la nas pessoas que
não usam um tom superior de voz ao se dirigir a frentistas.
Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores
porque não sentem prazer em humilhar os outros.
É possível detectá-la em pessoas pontuais.
Elegante é quem demonstra interesse
por assuntos que desconhece,
é quem presenteia fora das datas festivas,
é quem cumpre o que promete
e, ao receber uma ligação,
não recomenda à secretária que pergunte antes
quem está falando e só depois manda dizer
se está ou não está.
Oferecer flores é sempre elegante.
É elegante não ficar espaçoso demais.
É elegante não mudar seu estilo apenas
para se adaptar ao de outro.
É muito elegante não falar de dinheiro
em bate-papos informais.
É elegante retribuir carinho e solidariedade.
Sobrenome, jóias e nariz empinado
não substituem a elegância do gesto.
Não há livro que ensine alguém a ter
uma visão generosa do mundo,
a estar nele de uma forma não arrogante.
Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural
através da observação, mas tentar
imitá-la é improdutivo.
A saída é desenvolver em si mesmo a arte
de conviver, que independe de status social:
é só pedir licencinha para o nosso lado brucutu,
que acha que com amigo não
tem que ter estas frescuras.
Se os amigos não merecem uma certa cordialidade,
os inimigos é que não irão desfrutá-la.
Educação enferruja por falta de uso.
E, detalhe: não é frescura.

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2 comentários:

  1. OI YARA
    DESEJO SUCESSO E MUITA POESIA EM TEU NOVO BLOG.
    GOSTEI DO LILÁS. DELICADO COMO AS POSTAGENS...
    BJINHO CARMEN

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  2. Muito obrigada Carmen!
    Muito bom te ter aqui!
    Beijos querida!

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